O ar-condicionado é uma das piores ameaças à saúde dos trabalhadores que sofrem com alergia. Quando sua manutenção não é feita regularmente, ele se torna um reservatório de poeira, ácaros e bactérias. O resultado é muita tosse, coceira no nariz e mal-estar, principalmente naqueles prédios em que o ar-condicionado central raramente passa por limpezas.
O problema é tão sério que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a cunhar o termo Síndrome dos Prédios Doentes, na década de 80, para designar os males que acometem quem trabalha nesses ambientes.
Os sintomas da alergia causada pelo ar-condicionado podem ser tosse, coriza, febre, dor no peito, sonolência e até mal estar. Com isso, o rendimento de muitos trabalhadores é prejudicado. No final das contas, há aumento das despesas da empresa, tanto com atendimento médico como com o afastamento temporário do funcionário.
O médico alergista Roberto Ronald explica que o ar-condicionado sujo funciona como um verdadeiro exaustor, espalhando ácaros e bactérias. “Se o ar-condicionado for central e a manutenção for mal feita, a situação é muito pior. Aquilo ali vira uma casa de ratos e de baratas. Os detritos vão sendo jogados no filtro e acabam no nariz e no pulmão das pessoas”, alerta.
O alergista recomenda que o sistema de ar-condicionado central passe, a cada três meses, por inspeções realizadas por profissionais ligados a laboratórios especializados. Já o aparelho de ar-condicionado individual, usado em residências e escritórios, precisa ser limpo uma vez por semana, pelo menos.
De acordo com Ronald, todo caso de alergia deve ser tratado por um especialista e nunca com automedicação. “A alergia pode passar, mas deixa marcas. Toda crise de asma deixa uma pequena fibrose no pulmão que vai se somando às outras com o passar do tempo e com o passar das crises. A mesma coisa é no nariz. Em uma rinite de longa duração e mal tratada, o indivíduo já não vai mais sentir os odores, perde a olfação e perde parte do paladar. Nos casos mais avançados vai ter um mau odor enorme no nariz que só é corrigido com o uso de lavagens”, explica.
Se você desconfia que o ar-condicionado de seu trabalho está contaminado por falta de limpeza, procure a vigilância sanitária de sua cidade.
Alergia atinge 30% da população mundial
Alergia, quem não tem? Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 30% dos habitantes do planeta possuem algum tipo de intolerância à poeira doméstica, pó, mofo, pólen de plantas entre outras mil causas. Mas as previsões são ainda mais assustadoras. Segundo a OMS, até o fim do século, metade da população humana sofrerá de algum tipo de alergia.
No Brasil, a legião de alérgicos é proporcionalmente maior. Atualmente, 35% dos brasileiros padecem desse mal. A maioria sofre de asma, doença alérgica que mata cerca de duas mil pessoas por ano no país e é uma das grandes causas de internação no Sistema Único de Saúde.
A alergia é uma doença curiosa. Ela é uma autodefesa exagerada do próprio organismo à uma substância que provoca alergia, como a poeira por exemplo.
Segundo especialistas, 80% dos asmáticos têm renite, doença alérgica considerada ponto de partida para uma crise de asma.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia, Valfrido Antunes, alguns fatores são responsáveis pelo crescente número de alérgicos no País. “O aumento da poluição, das substâncias químicas no ar, os animais, a vida em ambientes fechados são alguns fatores que influem para o aumento das doenças alérgicas no Brasil”, enfatiza.
Mesmo sabendo que as doenças alérgicas não têm cura definitiva, Valfrido Antunes recomenda alguns cuidados simples para que as alergias sejam controladas. ”O alérgico que tem asma ou renite deve evitar poeira, mofo, pelo de animais, e os que têm urticária descobrir o quanto antes o causador para que possa fazer um tratamento contra esse
agente”.
Ele lembra também que, como todas as doenças, as alérgicas também têm um fator de fundo emocional.
Ao contrário do que muitos pensam, a renite alérgica não é doença tão simples assim. Durante as crises, os alérgicos podem ter desde uma simples coceira no nariz, até uma reação alérgica generalizada que pode causar uma parada cardíaca respiratória e até a morte. Por isso, a Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia lançou em todo país uma Campanha para orientar a população sobre como prevenir a doença.
As alergias respiratórias são as mais graves, pois comprometem o dia-a-dia dos pacientes. Elas afetam diretamente o rendimento escolar das crianças e a produtividade dos adultos no trabalho.
Para uma melhor qualidade de vida, os especialistas recomendam que além do controle ambiental como por exemplo manter a casa limpa, pacientes alérgicos podem prevenir crises, fazendo a higienização nasal com soro fisiológico várias vezes por dia mesmo não estando em crise. (Com informações da Agência Brasil)
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